Escolas de Diadema passam a ter aula de cultura afro-brasileira e indígena
Com uma medida que a torna exemplo para o país, a Prefeitura de Diadema incorporou uma aula semanal de relações étnico-raciais à grade curricular dos estudantes das escolas municipais de Ensino Fundamental I. A ação da Secretaria de Educação se iniciou nesta semana e faz parte do programa “Diadema, de Dandara e Piatã”, programa de ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena na Educação Básica.
Como parte do programa, todas as 61 escolas de Ensino Fundamental da Prefeitura e o Centro de Formação Carlos Kopcak, inaugurado no mês passado, deverão receber ainda neste mês um baú contendo itens relacionados à cultura africana e indígena, como mais de cem livros, além de mapas, brinquedos, instrumentos musicais, tecidos e jogos. O uso desse material permitirá o envolvimento direto dos estudantes.
Os jogos do baú são o africano Mancala Awelé e o indígena Jogo da Onça. Por meio deles, é possível trabalhar conteúdos de forma lúdica e interdisciplinar, segundo Vivian Viegas, coordenadora do programa.
“Nas aulas, o jogo pode ser utilizado para o ensino de história, geografia, matemática, lógica, estratégia, tudo de forma lúdica”, afirma.
O nome do programa faz referência a Dandara dos Palmares, considerada uma das figuras fundamentais na liderança do Quilombo de Palmares no século XVII, e ao nome indígena Piatã. As ações do programa estão inseridas no âmbito do atendimento às leis federais 10.639/2003 e 11.645/2008, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena na Educação Básica.
De acordo com a professora Patrícia Maria, que atua na Emeb Tatiana Belinky, no Eldorado, e outras escolas da rede, os estudantes de Ensino Fundamental I demonstraram muita vontade de se expressarem sobre o tema: “Houve muita identificação das crianças, principalmente as negras, e deu para ver no olho delas um desejo de falar. Muitas crianças do 5º ano já abordaram temas do racismo, tanto de situação que eles ou os familiares já enfrentaram. Senti muita receptividade”, afirma.
Segundo Evelyn Cristina Daniel, diretora do Departamento de Educação Popular da Secretaria de Educação, além das turmas de Fundamental I, o “Diadema, de Dandara e Piatã” abarcará as classes de Educação Infantil e EJA (Educação de Jovens e Adultos), mas nesse caso os temas serão desenvolvidos de forma integrada às aulas já existentes.
Os processos formativos dos professores de Educação Infantil serão iniciados neste mês, segundo Evelyn, e as aulas vão priorizar as vivências com jogos, brincadeiras e música. No caso da EJA, além das atividades em sala de aula, está prevista a participação dos estudantes em atividades formativas do Creppir (Coordenadorias de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Diadema) e na Kizomba, a Festa da Raça, tradicional evento municipal que contempla uma série de ações de celebração da cultura africana pelo mundo.
Todas as atividades de relações étnico-raciais na educação, como o programa, estão inseridas no âmbito do NERER (Núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais), em implementação pela Secretaria de Educação.
O NERER é responsável pela formação dos professores e comunidade escolar relativa ao tema e, por meio de pesquisas e acompanhamento contínuo de indicadores, atuará para garantir a efetivação da educação étnico-racial do município.
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