Santo André conscientiza sobre direitos da população LGBTQIA+ no SUS

A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, deu início a ações de conscientização sobre os direitos da população LGBTQIA+ no SUS. Por meio de palestras e dinâmicas com trabalhadores dos serviços, são reforçadas informações referentes ao papel do próprio Sistema Único de Saúde e sobre identidade de gênero e orientação sexual, visando à qualificação do atendimento a esse público.

As primeiras atividades ocorreram no Centro Hospitalar Municipal de Santo André (CHMSA) Dr. Newton da Costa Brandão nos dias 29 e 30 de julho. A partir de duas encenações de atendimento a uma mulher trans - uma adequada e outra inadequada -, foram discutidas as melhores práticas para se acolher esse perfil de paciente.

Na sequência, profissionais do hospital, entre enfermeiros, administrativos e médicos, assistiram a palestra “Vamos construir pontes?” com o sanitarista Felipe Daiko, que é mestrando em política, gestão e saúde pela USP (Universidade de São Paulo) e apoiador de rede da Secretaria Municipal de Saúde de Santo André.

Nos dois dias, cerca de 70 profissionais acompanharam o evento, organizado pela equipe de Saúde Mental e do serviço de Educação Permanente do CHMSA. Todos os protocolos sanitários e de segurança contra a Covid-19 foram respeitados, entre eles o uso de máscaras e o distanciamento entre poltronas no auditório da unidade hospitalar.

“Essa iniciativa se deu para que possamos refletir sobre os principais desafios que os serviços de saúde encontram para efetivar a atenção integral à população LGBTQIA+ e produzir um espaço de reflexão sobre os processos de trabalho e cuidado de acordo com as necessidades que essas pessoas apresentam pra gente”, esclareceu o palestrante.

Em 2020, pelo 13º ano consecutivo, o Brasil ocupou a posição de país que mais mata pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo. Para Daiko, de modo indireto, alguns profissionais de saúde acabam reproduzindo comportamentos discriminatórios. “A LGBTfobia é institucional e estrutural em nosso pais”, reforça.

Segundo Dr. Tomaz Eugenio de Abreu, psiquiatra e coordenador do pronto-socorro de Psiquiatria do CHMSA, a discriminação não cabe nos serviços de saúde e a discussão do tema no SUS é importante, principalmente, para o respeito no atendimento a transexuais. “É uma população muito vulnerável, que tem uma mortalidade muito mais cedo e que tem cada vez menos acesso ao recurso, que é universal, por medo do constrangimento nas unidades”, comenta.

Em rede- A estratégia adotada em Santo André está em sintonia com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da População LGBTQIA+, instituída pelo Ministério da Saúde em 2011. Em seu plano operativo consta, inclusive, a educação permanente e continuada em saúde sobre o tema.

Atualmente, existe no município um grupo técnico voltado às pautas relacionadas ao público LGBTQIA+. O CAPS IJ (Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil), por exemplo, montou uma equipe de trabalho que vem acompanhando a população trans jovem.

A proposta é efetivar a discussão iniciada no CHMSA em toda a rede de saúde. Em agosto, serão realizadas atividades na UPA Perimetral. Posteriormente, nas demais UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), Atenção Básica e serviços de Saúde Mental.