Albergue de Mauá aumenta número de vagas e garante dignidade aos usuários

O inverno nem chegou e a Prefeitura de Mauá já está organizada para acolher as pessoas em situação de rua na cidade. Entre as várias ações programadas até o final deste mês, na segunda-feira (22/05) foi entregue a nova sede do Albergue Noturno, que passou de 30 para 42 vagas. Até o final de setembro, o serviço irá funcionar de domingo a domingo, das 19h às 7h.

O local, sob a coordenação da Secretaria de Assistência Social, conta com novas instalações, mobiliário novo e organizado, melhor distribuição dos cômodos, com atendimento para a família - mulheres e homens, separados. A equipe está preparada para desenvolver atividades que proporcionem a construção da dignidade, autonomia e emancipação.

Emocionado, Moacir de Oliveira Clemente, de 71 anos, mineiro de Guaranésia, exibiu orgulhoso sua primeira carteira de identidade, entregue horas antes.

Com a voz embargada e lágrimas nos olhos, disse que tinha acabado de receber seu primeiro documento: “Foi uma felicidade muito grande! Um tesouro pra mim!” Seu Moacir trabalhou na roça, foi ajudante de pedreiro e auxiliar de padeiro e hoje é catador de recicláveis.

Ele recordou que foram muitos anos abusando da bebida e morando nas ruas, que o documento nem fazia falta, mas quando mudou de vida percebeu a diferença.

Clemente lembrou que muitas vezes perdeu o emprego por não apresentar a documentação para registro. Atualmente, ele está em processo de receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), com o auxílio da equipe da Secretaria.

“Precisávamos ampliar o atendimento e desenvolver um trabalho cujo foco é emancipatório”, explicou a secretária de Assistência Social, Xênia Sousa Díspore.

Também abrigado no Albergue de Mauá, o paulista Rafael Aparecido da Silva, de 33 anos, está no processo de mudança de vida. De usuário de drogas nas ruas para trabalhador, com contrato assinado na Frente de Trabalho da Prefeitura, em vaga destinada à área social.

 É o primeiro trabalho formal dele. Rafael ajuda a cidade a ficar mais limpa e bonita com seu suor. Levanta todos os dias às 6h para ir para o emprego e à noite frequenta as aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), condição para ter direito à vaga social.

Hoje ele pensa em construir uma vida diferente, “usufruir do salário para alugar uma casa, comprar uma TV para assistir quando chegar em casa e depois de tomar um banho para descansar”, explicou.