ONG Ficar de Bem promove reintegração social de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas

O que acontece com um adolescente que comete um ato infracional? Muitas pessoas imaginam que a única consequência é a internação, mas a realidade do sistema socioeducativo vai além disso. No Brasil, milhares de jovens cumprem Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, um modelo que busca não apenas a responsabilização, mas também a reintegração desses adolescentes à sociedade. Com acompanhamento especializado e apoio às famílias, essa abordagem visa romper o ciclo de reincidência e oferecer novas perspectivas.

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA), o Serviço de Medida Socioeducativa em Meio Aberto busca realizar o acompanhamento do cumprimento das medidas socioeducativas de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviço à Comunidade. Esse trabalho é fundamentado no atendimento especializado, na escuta qualificada e no acompanhamento dos adolescentes e de suas famílias de forma integrada aos demais serviços socioassistenciais e às políticas públicas de educação, saúde, trabalho, cultura, esporte e lazer.

Para muitos adolescentes, o cumprimento de uma medida socioeducativa representa um momento decisivo entre a exclusão e a oportunidade de reconstrução. A ONG Ficar de Bem, que atua há mais de três décadas na proteção integral de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e na defesa de seus direitos, trabalha para que essa experiência seja um ponto de recomeço, oferecendo um acompanhamento que fortalece os vínculos familiares, amplia o acesso à educação e incentiva a inserção social.

Desde agosto de 2021, a organização atende cerca de 100 jovens mensalmente em São Bernardo do Campo por meio de um termo de colaboração com a municipalidade, visando à promoção de ações voltadas para seu desenvolvimento pessoal e profissional desses indivíduos.

“O objetivo da execução deste serviço é oferecer acompanhamento socioassistencial aos adolescentes e suas famílias durante o cumprimento da Medida Socioeducativa. Nosso enfoque está na metodologia coletiva e na articulação com as políticas setoriais, o que possibilita o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais e incentiva o exercício consciente da cidadania, buscando a interrupção da trajetória infracional”, comenta Lígia Vezzaro Caravieri, gerente técnica institucional da ONG Ficar de Bem

A metodologia adotada pela Ficar de Bem leva em consideração a individualidade de cada adolescente e sua realidade familiar, social, cultural, política e econômica. “Nossas intervenções são estruturadas para criar oportunidades e garantir condições que favoreçam o crescimento e o fortalecimento do adolescente como cidadão. A presença e o envolvimento da família são fundamentais nesse processo, pois reforçam os vínculos e possibilitam um suporte mais sólido para o desenvolvimento desses jovens”, destaca Lígia.

A metodologia de trabalho inclui oficinas de cidadania, que permite aos jovens ampliar seu repertório informacional, cultural e o desenvolvimento de suas habilidades e competências. “Proporcionamos atividades que vão além do atendimento convencional, levando esses adolescentes a experiências que ampliam suas perspectivas e sua visão de mundo”, ressalta a especialista.

Essas oficinas ocorrem tanto na sede da organização no ABC quanto em saídas pedagógicas pela capital paulista, promovendo o reconhecimento e a apropriação de espaços comunitários de lazer, esporte e cultura.

A ONG já levou os jovens atendidos a diversos locais culturais, como a Pinacoteca, a Exposição Banco do Brasil (Encruzilhadas da Arte Afro Brasileira), o Museu das Favelas, o SESC Pinheiros (Exposição Um Defeito de Cor), o Memorial do Carandiru, o Museu do Futebol e o Futechurras (Arena do Futebol).

“Os resultados dessas atividades são extremamente positivos e estão diretamente ligados à participação ativa dos adolescentes nesses espaços, estimulando seu senso de pertencimento e sua integração social”, finaliza Lígia Vezzaro Caravieri, gerente técnica institucional da ONG Ficar de Bem.

Sobre Ficar de Bem
A ONG Ficar de Bem é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosos, que há 36 anos defende os direitos e oferece apoio integral a crianças, adolescentes e suas famílias vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência. Fundada em 1988 como CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD – pelo pediatra Emílio Jaldin Calderon, a instituição atualmente é presidida pelo empresário Evenson Robles Dotto e conta com núcleos de atuação em Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema.

Com 18 projetos voltados para prevenção, acolhimento e suporte social, além de coordenar o Bom Prato na região do ABC, a ONG mantém parcerias com o poder público que possibilitam a ampliação e sistematização do atendimento, rompendo ciclos de violência e promovendo relações de cuidado e respeito. Reconhecida por sua transparência e eficiência, a Ficar de Bem possui certificações e prêmios e é declarada Utilidade Pública em níveis municipal, estadual e federal, atuando conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reafirmando seu compromisso com uma sociedade justa e igualitária. Além disso, a instituição está pelo terceiro ano consecutivo na lista das 100 melhores ONGs do Brasil.