Inadimplência no ABC tem dados atualizados; educação financeira e renda são debates estratégicos
O número de inadimplentes residentes no Grande ABC cresceu 1,86% na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024. Na região Sudeste, na mesma base de comparação, a variação foi de 0,86%. As informações são do estudo de inadimplência na região, realizado pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano do Sul, com o apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC e dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), e apontam para a necessidade de um olhar estratégico para avançar na educação financeira e nos debates sobre a renda.
O estudo, que fortalece as sete cidades no fornecimento de dados sobre a situação econômica dos moradores, mostra também que o número de devedores na região ABC cresceu 9,69% em janeiro de 2024, em relação a janeiro de 2023. O dado ficou acima da média da região Sudeste (4,66%) e acima da média nacional (3,78%).
A abertura por faixa etária do devedor mostra que o número de devedores com participação mais expressiva em janeiro foi o da faixa de 30 a 39 anos (24,70%). A participação por sexo segue bem distribuída, sendo 50,38% mulheres e 49,62% homens. Além disso, o dado mostra que cada consumidor negativado devia, em média, R$ 5.239,25 na soma de todas as dívidas. Os dados ainda mostram que 27,74% dos consumidores tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 39,77% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
O tempo médio de atraso é igual a 25,3 meses, sendo que 37,84% dos devedores possuem tempo de inadimplência de 1 a 3 anos. O setor com participação mais expressiva do número de dívidas em janeiro na região da Grande ABC foi Bancos, com 68,84% do total de dívidas.
Na mesma data, o número de dívidas em atraso de moradores da região da Grande ABC cresceu 15,62% em relação a janeiro de 2023. O dado ficou acima da média da região Sudeste (9,03%) e acima da média nacional (7,94%). Na passagem de dezembro/2023 para janeiro, o número de dívidas da região da Grande ABC cresceu 2,40%. Na região Sudeste, nessa mesma base de comparação, a variação foi de 1,49%.
Em janeiro de 2024, cada consumidor inadimplente residente na região da Grande ABC tinha em média 2,142 dívidas em atraso. O número ficou acima da média da região Sudeste (2,133 dívidas por pessoa inadimplente) e acima da média nacional registrada no mês (2,099 dívidas para cada pessoa inadimplente).
Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de São Caetano do Sul, Alexandre Damásio, o movimento atual é o de aumento da inadimplência, mas é necessário avaliar um período maior. "Teremos aumento na inadimplência no primeiro trimestre do ano, mas continuamos vivenciando quedas de inadimplência desde 2022. O benefício do Índice de Inadimplência do Grande ABC é exatamente poder ter parâmetros históricos dos hábitos do consumo e, a partir desses dados projetarem expectativas reais", comenta Damásio, que cita a implantação de um cadastro positivo municipal como oportunidade para o planejamento regional.
Segundo o presidente da CDL, relatório dos principais bancos comerciais indicam a estabilização na inadimplência das suas carteiras por volta de 11%, mas mantém-se a cautela do mercado.
Para o presidente da Agência, Aroaldo da Silva, a renda tem papel primordial no debate. "Apesar da queda do desemprego, há a queda da renda nos últimos anos, evidenciando o endividamento das pessoas, principalmente com bancos. O programa de educação financeira que vem sendo discutido na região pode servir de base para as pessoas não comprometerem suas rendas, mas mesmo assim o futuro do mercado de trabalho é um tema chave na discussão, pois precisamos criar empregos que agreguem valor de fato", destaca Silva.