Formação em Diadema conscientiza sobre a realidade da mulher negra

Cento e sessenta pessoas, a grande maioria mulheres negras, participaram entre os dias 14 e 28 de julho, no auditório do Paço Municipal, em Diadema, de formação promovida pelas Coordenadorias de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de Políticas Públicas para as Mulheres.

A atividade teve como objetivo propor reflexões acerca da realidade das mulheres negras, bem como sobre racismo, machismo e outras formas de preconceito. A ação integrou o calendário de celebrações pelo Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Teresa de Benguela, comemorado em 25 de julho.

A coordenadora do Creppir, Marcia Damaceno, explicou que foi um momento importante para debater com quem vive no seu cotidiano as violências do racismo e do machismo.

“A gente vai ter que aprofundar mais o tema para fortalecer as mulheres negras na questão racial, além de fortalecer a autoestima das pessoas negras”, afirmou. Marcia declarou que conversando com as pessoas é possível atestar como o racismo e o machismo ainda são muito fortes entre as pessoas com condições mais vulneráveis, devido à cultura estabelecida no País. “Principalmente entre os homens, mas também existem mulheres que reproduzem o preconceito. Essa formação tem que ter continuidade, a gente não desmonta um problema de mentalidade colonial eurocêntrica de 500 anos em um dia apenas”, ponderou.

Tayane Xavier Dos Santos é moradora do bairro Taboão e tem 25 anos. Participou das formações e afirmou que foi uma ótima experiência, inédita e com a possibilidade de adquirir muito conhecimento.

“Gostei de discutir sobre o preconceito social, sobre homofobia, desigualdade racial”, citou. A jovem, que está atuando no programa Bairro Melhor (um novo modelo da Frente de Trabalho, que oferta renda e capacitação profissional), pretende participar de outros eventos semelhantes, se houver oportunidade. “Toda diferença precisa ser respeitada, seja ela étnica, cultural ou de gênero. Independente de raça, cor, sexo, somos todos iguais”, concluiu.

Nos cinco dias de formação, foram debatidos diversos assuntos, e muitos dos problemas enfrentados pelas mulheres, especialmente pelas mulheres negras, foram apontadas pelos participantes. Situações como as dificuldades em criar os filhos sozinhas, a discriminação contra quem é mãe solo, a falta de oportunidade de trabalho e de creches para os filhos, a falta de representatividade na mídia, nos governos, nos comandos das empresas, a sobrecarga do trabalho doméstico, entre muitos outros, foram citados e discutidos pelos presentes.

Marcia destacou que a formação realizada foi como uma “pincelada” para apresentação dos serviços existentes na Prefeitura de Diadema, como a ouvidoria do Creppir, que recebe denúncias de racismo, e as próprias coordenadorias que organizaram a atividade.

“Foi também a oportunidade de apresentar as iniciativas que a administração tem no combate ao racismo, em áreas como educação e saúde, além de mostrar a rede de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica, como a Casa Beth Lobo”, concluiu a coordenadora.

A ouvidoria do Creppir pode ser contatada pelo telefone 4057-7925.